Dislexia: sintomas, diagnóstico, tratamento e impactos no aprendizado

Os sinais de dislexia variam dependendo da idade. Se o seu filho tem um ou dois sinais, isso não significa que ele ou ela tem dislexia, mas ter vários dos sinais listados abaixo pode significar que seu filho deve ser avaliado por um profissional especializado.

A fase das primeiras palavras de uma criança é uma alegria na família: é encantador vê-la começando a se comunicar. Geralmente o pequeno pronuncia suas primeiras palavras por volta de um ano e as primeiras frases por volta de um ano e meio a dois anos. Um atraso na fala deve acender um sinal de alerta – pode ser o primeiro indicativo de dislexia.

“Crianças vulneráveis à dislexia talvez não comecem a pronunciar as primeiras palavras antes de cerca de um ano e três meses de vida. E talvez não pronunciem frases antes de completar dois anos”, diz a neuropsicóloga Márcia Lazzarotto Vizzotto.

O que é a Dislexia?

Definida como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, a dislexia é o quadro de maior incidência em salas de aula. E a pré-escola é, de certa forma, um divisor de águas para a identificação do distúrbio. A aparente facilidade com a qual a maioria das crianças aprende a ler, contrasta fortemente com o dilema de um subgrupo surpreendentemente grande de crianças que tentam extrair o significado de palavras impressas. De acordo com a definição da International Dyslexia Association (IDA, 2002), tal dificuldade ocorre “apesar de haver uma habilidade intelectual adequada e uma exposição a uma educação efetiva”.

“A dislexia é caracterizada por dificuldades de reconhecimento de palavras, de soletração, decodificação, lentidão na leitura e na escrita, inversão de letras e números e problemas de memorização. O fracasso do desenvolvimento da leitura fluente (capacidade de ler um texto não somente com precisão, mas com rapidez e expressão adequada) também é uma característica do distúrbio que persiste na adolescência e idade adulta. Trata-se de uma condição hereditária, com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico”, explica a neuropsicóloga Márcia Lazzarotto Vizzotto.

Para orientação, diagnóstico e tratamento é fundamental o apoio de um psicólogo especializado.

Reconhecimento e diagnóstico da dislexia

É preciso ficar atento ao desenvolvimento da criança de forma geral e se notar qualquer dificuldade, procurar orientação de especialistas. O diagnóstico e o tratamento da dislexia exigem a participação de equipe multidisciplinar, com profissionais como pedagogo, fonoaudiólogo e psicólogo.

Na Pré-escola – Uma criança em idade pré-escolar pode:

  • Ter problemas de aprendizagem de rimas; falta de interesse pelas rimas; palavras mal pronunciadas; dificuldade em aprender e lembrar o nome da letra; deficiência em saber o nome das letras de seu próprio nome.
  • Falar mais tarde do que a maioria das crianças.
  • Ter mais dificuldade do que outras crianças ao pronunciar as palavras.
  • Ser lento para adicionar novas palavras de vocabulário e ser incapaz de recordar a palavra certa.
  • Ter dificuldade em aprender o alfabeto, números, dias da semana, cores, formas, como soletrar e como escrever seu nome.
  • Demonstrar dificuldade ao tentar rimar palavras e reconhecer letras e fonemas.
  • Ser lento para desenvolver habilidades motoras finas. Por exemplo, seu filho pode levar mais tempo do que outros da mesma idade para aprender a segurar um lápis na posição de escrever, usar botões e zíperes e escovar os dentes.
  • Ter dificuldade em separar sons em palavras e misturar sons para fazer palavras.

No Ensino Fundamental

  • Possuem discurso não fluente (pausas ou hesitações frequentes, muitos “hummm…”);
  • Não ser capaz de encontrar as palavras corretas, confundindo as que tenham a sonoridade semelhante; problema ao lembrar datas, nomes, números de telefone, listas;  medo de ler em voz alta; desempenho fraco em testes de múltipla escolha;
  • Ter dificuldade em terminar provas no tempo estabelecido; problemas na leitura dos enunciados dos problemas matemáticos; leitura lenta e cansativa;
  • Apresentar deveres de casa incompletos e intermináveis; necessitam de ajuda para ler o enunciado;  extrema dificuldade para aprender uma língua estrangeira.

No Ensino Médio e Faculdade – Estudantes no ensino médio e na faculdade podem:

  • Ler muito lentamente com muitas imprecisões.
  • Continuar a soletrar incorretamente, ou soletrar frequentemente a mesma palavra diferentemente em uma única parte de escrita.
  • Evitar testes que exigem leitura e escrita, e procrastinar em tarefas de leitura e escrita.
  • Ter dificuldade em preparar resumos e contornos para as aulas.
  • Trabalhar intensamente em tarefas de leitura e escrita.
  • Ter poucas habilidades de memória e completar o trabalho atribuído mais lentamente do que o esperado.
  • Ter um vocabulário inadequado e ser incapaz de armazenar muita informação da leitura.

“A avaliação segue as regras determinadas pela definição de dislexia: uma dificuldade de leitura de uma criança ou adulto que em todos os outros aspectos possui boa inteligência, forte motivação e escolaridade adequada. É um diagnóstico clínico que tem como base uma síntese já ponderada de informações – do histórico escolar da criança (ou do adulto), das observações de sua fala e leitura e dos testes de leitura e de linguagem”, explica Márcia.

Dislexia e os sinais mais comuns

A maioria dos disléxicos exibirá cerca de 10 dos seguintes traços e comportamentos. Estas características podem variar de dia-a-dia ou minuto-a-minuto. A coisa mais consistente sobre disléxicos é a sua inconsistência.

Geral

  • Crianças e adultos disléxicos podem se tornar ávidos e entusiastas leitores quando dadas as ferramentas de aprendizagem que se encaixam no seu estilo de aprendizagem criativa.
  • Aparece brilhante, altamente inteligente e articulado, mas incapaz de ler, escrever ou soletrar ao nível da classe.
  • Marcado como preguiçoso, mudo, descuidado, imaturo, “não tentando o suficiente” ou com “problema de comportamento”.
  • Não é “atrasado o suficiente” ou “ruim o suficiente” para ser ajudado no ambiente escolar.
  • Alto em QI (Coeficiente de Inteligência), ainda  que não seja academicamente bem avaliado. Vai bem em testes orais, mas não em testes escritos.
  • Parece estúpido; Tem baixa auto-estima; Esconde ou encobre suas fraquezas com estratégias compensatórias engenhosas; Facilmente frustrado sobre a leitura da escola ou a realização de testes.
  • Talentoso em arte, drama, música, esportes, mecânica, contador de histórias, vendas, negócios, projeto, construção ou engenharia.
    Parece viajar ou sonhar acordado muitas vezes; Se perde facilmente ou perde a noção do tempo.
  • Dificuldade em manter a atenção;
  • Aprende melhor através da experiência prática, demonstrações, experimentação, observação e ajudas visuais.

Visão, leitura e ortografia

  • Queixa-se de tonturas, dores de cabeça ou dores de estômago durante a leitura.
  • É confundido por letras, números, palavras, sequências ou explicações verbais.
  • Ao ler ou escrever mostra repetições, adições, transposições, omissões, substituições e reversões em letras, números e / ou palavras.
  • Queixa-se de sentir ou ver movimento inexistente durante a leitura, escrita ou cópia.
  • Parece ter dificuldade com a visão, mas exames oculares não revelam um problema.
  • Tem visão extremamente aguçada e é excelente observador. Possui falta de percepção de profundidade e visão periférica.
  • Lê e relê com pouca compreensão.
  • Soletra foneticamente e inconsistentemente.

Escrita e habilidades motoras

  • Apresenta problemas com a escrita ou cópia; O aperto do lápis é incomum; A caligrafia varia ou é ilegível.
  • É desajeitado, desordenado, possui dificuldade na prática de esportes de bola ou de equipe; Dificuldades com habilidades e tarefas motrizes finas  e/ou grossas; Pode estar mais propenso à doenças.
  • Pode ser ambidestro, e muitas vezes confunde esquerda/direita, sobre/sob

Memória e Cognição

  • Possui excelente memória de longo prazo para experiências, locais e rostos.
  • Má memória para sequências, fatos e informações que não tenham sido experimentadas.
  • Pensa principalmente com imagens e sentimentos, não sons ou palavras (pouco diálogo interno).

Comportamento, Saúde, Desenvolvimento e Personalidade

  • Extremamente desordenado ou compulsivamente ordenado.
  • Pode ser o palhaço da classe, um gerador de problemas (muito bagunceiro) ou extremamente quieto.
  • Pode possuir fases de desenvolvimento inusitadamente precoces ou tardias (conversando, rastejando, andando, amarrando sapatos).
  • Tendência a ter a infecções de ouvido; Sensíveis a alimentos, aditivos e produtos químicos.
  • Pode sofrer com insônia ou hipersonia; Pode estar propenso a urinar na cama em determinadas idades.
  • Tolerância incomumente alta ou baixa para a dor.
  • Forte senso de justiça; Emocionalmente sensível; Esforça-se para a perfeição.
  • Erros e sintomas aumentam dramaticamente com locais bagunçados, pressão do tempo, estresse emocional ou má saúde.

Orientações aos pais

Quanto mais cedo se fizer um diagnóstico, mais rápido a criança poderá contar com ajuda de profissionais adequados (fonoaudiólogos, psicólogos especializados). Assim, muito provavelmente também se conseguirá evitar problemas decorrentes que atingem  a auto-estima. A psicoterapia ajudará seu filho a ter uma melhorar adaptação e mais qualidade de vida.

Se notar  a presença de algum sinal de dislexia, é fundamental conversar com o professor de seu filho. Mas não fique dependendo somente da escola para realizar uma avaliação. O pediatra pode fazer o encaminhamento para que seja feito um teste.

É fundamental que os pais, professores e principalmente a criança entendam a natureza do problema de leitura, para que ela desenvolva uma opinião positiva sobre si mesma.

“E muito importante: não subestime a criança ou reduza suas expectativas. Trate-a sempre como uma pessoa com muitas variáveis, não simplesmente como alguém que tenha um problema de leitura. Deixe que suas habilidades –  e não suas deficiências – a definam como pessoa!”, finaliza a neuropsicóloga Márcia Lazzarotto Vizzotto.

Para orientação, diagnóstico e tratamento, busque um psicólogo especializado. Visite a PROVIDA e agende uma consulta!

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